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ELEIÇÕES Putin vence eleição na Rússia e continuará no poder até 2030


Os resultados preliminares indicaram uma vitória confortável, com qiase 90% dos votos para Putin
Por: AFP

Foto: NATALIA KOLESNIKOVA / POOL / AFP
A invasão da Ucrânia, a repressão na Rússia e o confronto com o Ocidente são o contexto no qual Vladimir Putin, como líder autoritário e guerreiro no poder há um quarto de século, foi reeleito neste domingo (17) para mais seis anos no Kremlin.



Os resultados preliminares indicaram uma vitória confortável, com mais de 85% dos votos para Putin, que em 2020 conseguiu modificar a Constituição para poder ser reeleito por dois mandatos consecutivos e permanecer possivelmente no poder até 2036.


O líder russo, de 71 anos, já completou dois mandatos de quatro anos e dois mandatos de seis anos, com um interlúdio como primeiro-ministro.


O sistema de poder de Putin, oriundo da KGB soviética e que chegou ao Kremlin em 31 de dezembro de 1999, confirmou duas características ao longo dos anos.



A primeira é o constante endurecimento do sistema, contra os oligarcas, com a segunda guerra na Chechênia, a redução das liberdades públicas e a repressão dos meios de comunicação social e da oposição.


O seu opositor mais conhecido, Alexei Navalny, morreu em fevereiro, em circunstâncias pouco claras, em uma prisão do Ártico, onde cumpria uma longa pena por ''extremismo''.


A segunda característica é o reforço de sua presença internacional, com a guerra da Geórgia (2008), a anexação da Crimeia ucraniana (2014), a intervenção militar na Síria (2015) e a invasão da Ucrânia (2022).



A Europa, em particular a Alemanha de Angela Merkel, acreditou equivocadamente que iria canalizar essas ambições, apostando na codependência econômica, mediante maciças compras de gás russo.


''Novo mundo''
Mas Putin parece imparável atualmente.


Embora esteja envolvido na guerra na Ucrânia, onde seu Exército sofreu derrotas humilhantes, ele persiste e busca obter uma vitória por desgaste, graças ao cansaço dos aliados ocidentais e da população ucraniana.


Dois anos após o início do ataque, Putin vê razões para acreditar nisso.



Os seus soldados, na ofensiva, tomaram a cidade oriental de Avdiivka e avançaram sobre as forças ucranianas, carecendo de munições e de soldados suficientes.


Putin garantiu no final de fevereiro que os seus soldados não recuariam na Ucrânia.


No início da ofensiva, acusou a Ucrânia de nazismo, reivindicou os seus territórios e disse que os Estados Unidos orquestraram o conflito.


Desde então, qualquer oposição à invasão é punível com prisão. Milhares de russos foram perseguidos, processados, presos ou forçados ao exílio.


Putin não se importa com as sanções ocidentais, nem com o fato de o Tribunal Penal Internacional (TPI) tenha-no processado pela acusação de deportação de crianças ucranianas. Considera que sua missão é se livrar do que classifica como hegemonia ocidental.


Em outubro, anunciou ter como ''tarefa construir um mundo novo''.


Desafios
Putin era um agente da KGB, instalado na Alemanha Oriental na década de 1980, e continua marcado pela desintegração da União Soviética, um sinal da derrota de Moscou na Guerra Fria.


Para atingir seus objetivos, conta hoje com o apoio diplomático da China. A Ásia, com a Índia à frente, está comprando petróleo russo, e Putin assegura que a África vê a Rússia como um aliado contra o ''neocolonialismo'' ocidental.


O líder russo quer, ainda, ser o porta-bandeira dos valores ''tradicionais'', frente ao que considera a decadência moral do Ocidente e, em particular, sua tolerância para com a comunidade LGBTQIA+.


Com o fracasso da contraofensiva ucraniana em meados de 2023, Putin se sente mais forte e aproveita a divisão ocidental sobre a continuação da ajuda militar a Kiev.


A economia russa absorveu, em geral, o impacto das sanções ocidentais, apesar da inflação e da dependência da produção militar.


Mas por mais poderoso que seja, o presidente enfrenta grandes desafios.


A vitória no conflito na Ucrânia está longe e a capacidade dos russos, das elites e da economia para resistirem a longo prazo permanece uma incógnita.


O motim em junho de 2023 pelos mercenários de Wagner, liderados pelo seu ex-aliado Yevgueni Prigozhin, foi um exemplo disso.


A morte da cúpula rebelde em uma queda de avião apresentada como acidente permitiu ao Kremlin encerrar esse capítulo.


Repressão
Ao nível da política interna, o Kremlin não tolera mais opositores.


Alguns deles morreram, como Navalny ou Boris Nemtsov, assassinado em 2015, e muitos mais, dissidentes anônimos, estão atrás das grades por terem denunciado a invasão da Ucrânia.


No entanto, para muitos russos, Vladimir Putin continua sendo o homem que devolveu a honra à Rússia, minada pela pobreza, pela corrupção e pelo declínio alcoólico do presidente Boris Yeltsin na década de 1990.


Aos 47 anos, quando chegou ao Kremlin, prometeu amizade aos líderes ocidentais e desenvolveu a economia, aproveitando o preço favorável dos hidrocarbonetos.


O presidente americano George W. Bush chamou-o de ''alguém notável'', o alemão Gerhard Schröder e o italiano Silvio Berlusconi eram seus amigos, apesar da repressão que impôs e dos abusos na Chechênia.


Mas os fundamentos do divórcio com o Ocidente já estavam lá. Putin concretizou-os em 2007, em Munique, em um discurso virulento contra os líderes ocidentais. Acusou a Otan de ameaçar a Rússia e censurou os Estados Unidos por serem o ''único soberano'' do mundo, argumentos que voltou a utilizar para justificar a invasão da Ucrânia.

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