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MANIFESTAÇÃO Trabalhadores da Zona da Mata cobram desapropriação das terras e fiscalização nos leilões em áreas de conflitos agrários



Foto: Fetape.

Em mobilização realizada na tarde desta quarta-feira (17), cerca de 600 trabalhadores rurais de 13 comunidades da Zona da Mata de Pernambuco saíram em defesa da reforma agrária e pelo fim da violência no campo. A concentração aconteceu na praça do Derby, por volta do meio-dia, onde os manifestantes seguiram pela Avenida Conde da Boa Vista, no Recife, rumo ao Palácio do Campo das Princesas. O Governador de Pernambuco, Paulo Câmara, recebeu, nesta tarde, uma comissão formada por representantes das comunidades e organizações sociais a fim de debater soluções para o problema.


A manifestação tem como principal foco o fim de leilões de terras de usinas falidas e desativadas na região da Zona da Mata. Cerca de 2 mil famílias possuem posse sobre as terras há décadas, e ainda assim, sofrem com a ameaça de despejo causado pelos leilões judiciais que livram as empresas de dívidas milionárias, inclusive trabalhistas, que ainda estão ativas. Os trabalhadores pedem por uma fiscalização mais séria diante dos leilões e temem ser despejados com o fim da lei que proíbe os despejos durante a pandemia, que foi prorrogada até outubro deste ano.


“Os conflitos na Zona da Mata envolvem 2 mil famílias, isso corresponde a mais de 10 mil pessoas na Mata Norte e na Mata Sul de Pernambuco. Decidimos vir para cá hoje com uma pauta muito simples e objetiva. Queremos a desapropriação imediata das áreas de conflito, queremos disciplinar, junto com o judiciário, os leilões de terras que estão roubando o dinheiro público e também suspender todos os despejos que estão acontecendo em Pernambuco, enquanto o decreto está sendo discutido com o governador. Esperamos isso para diminuir a violência no campo e evitar que mais pessoas morram”, explica Plácido Júnior, da Comissão Pastoral da Terra (CTP).


A tensão nas áreas rurais cresce progressivamente, causando invasões de terras, expulsão de trabalhadores de suas casas e uma onda de violência que causa mortes. Dentre eles, está a morte do menino Jonatas, de 9 anos, filho de líder de trabalhadores rurais, ocorrida no Engenho Roncadorzinho, em Barreiros, em fevereiro deste ano.

O caso ocorreu quando o pai do garoto, Geovane da Silva Santos, teria se recusado a vender suas terras a um grupo de traficantes. No dia do crime, sete homens encapuzados invadiram a casa da família de Geovane, atiraram contra ele, que sobreviveu, e outros tiros acabaram atingindo Jonatas, que estava escondido embaixo da cama com sua mãe. Jonatas acabou morrendo na residência.O caso foi denunciado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e da Assembleia Legislativa de Pernambuco como um crime ligado à disputa pela terra.


“Somos pobres, trabalhadores, agricultores, mas não invadimos nada de ninguém não. Estamos pedindo nossos direitos. Era assalariado e hoje estou plantando nas terras que meu pai deixou pra mim. E de lá eu não quero sair nem tão cedo, quero criar meus netos, meus filhos, porque eu não sei fazer outra coisa. Sei plantar banana, macaxeira, milho”, ressalta Manoel Messias, da comunidade Barro Branco, município de Jaqueira, na Mata Sul.


Em reunião ocorrida nesta quarta, no Campo do Palácio das Princesas, representantes das comunidades junto a organizações como a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape), a Comissão Pastoral da Terra (CTP) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), encontraram-se com o Governador de Pernambuco, Paulo Câmara. O governador anunciou o decreto de desapropriação do engenho Roncadorzinho, onde foi assassinado o menino Jonatas. O decreto será publicado no Diário Oficial na sexta-feira (19).



Foto: Fetape.
Por: Dayane Gomes

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