Foto: UK Health Security Agency/AFP
Um grupo de médicos de 16 países identificou novos sintomas clínicos relacionados à varíola do macaco. O trabalho, publicado no New England Journal of Medicine, é considerado a maior série de estudos sobre infectados até o momento e, segundo os autores, pode ajudar a melhorar o diagnóstico da doença que tem mobilizado autoridades de diversos países.
Endêmica na África, a varíola do macaco tem se disseminado por outros continentes desde maio. Ontem, na segunda reunião do comitê de emergência sobre a doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou que há 14,5 mil casos em 72 países e chamou a atenção para a situação do Brasil, que tem um dos maiores números de infectados — 592, segundo o Ministério da Saúde.
"No momento, a grande maioria dos casos continua a ser relatada entre homens que fazem sexo com homens", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. O estudo divulgado, também ontem, no New England Journal of Medicine mostra que, das 528 infecções confirmadas em 43 locais, entre 27 de abril e 24 de junho deste ano, 98% acometeram homens gays e bissexuais. O trabalho revela ainda que a maioria dos pacientes apresenta lesões genitais únicas e feridas na boca ou no ânus, sintomas não reconhecidos nas definições médicas atuais da varíola do macaco.
Segundo os autores, as manifestações da doença são semelhantes às de infecções sexualmente transmissíveis e podem facilmente levar a erros de diagnóstico. "Esses sintomas específicos podem ser graves e levar a internações. Por isso, é importante fazer um diagnóstico. Expandir a definição de caso ajudará os médicos a reconhecerem mais facilmente a infecção e, assim, evitar que as pessoas a transmitam", afirma Chloe Orkin, professora de medicina do HIV na Queen Mary University of London e integrante do grupo.
Contato físico
Os médicos também enfatizam que, embora a proximidade sexual seja a via de transmissão mais provável, o vírus da varíola do macaco pode ser transmitido por qualquer contato físico próximo, por grandes gotículas respiratórias e, potencialmente, por roupas e outras superfícies. "Esse estudo aumenta nossa compreensão das formas de disseminação e dos grupos em que está se espalhando, o que ajudará na identificação rápida de novos casos e nos permitirá oferecer estratégias de prevenção, como vacinas, aos indivíduos de maior risco", diz John Thornhill, professor da Queen Mary University of London.
O avanço dos casos é monitorado também pela OMS, que optou ontem por não decretar a disseminação da varíola do macaco como uma emergência de saúde pública internacional. "Estou ciente de que qualquer decisão que tome em relação à possível determinação envolve a consideração de muitos fatores, com o objetivo final de proteger a saúde pública", afirmou Tedros, que assegurou que o debate sobre esse posicionamento não foi encerrado.
Por: Correio Braziliense
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